O que você precisa saber sobre scale-ups

Escrito por humanos

O termo e o conceito de startup já são conhecidos e consolidados no país. Prova disso é a quantidade de pessoas que decidiram abrir o seu próprio negócio nos últimos anos: de acordo com a última pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada em 2015, 4 em cada 10 brasileiros são empreendedores.

Além disso, segundo o GEM, a taxa de empreendedorismo no Brasil é a maior dos últimos 14 anos. No entanto, abrir uma empresa não é garantia de que os empreendedores tenham alto impacto na sociedade, visto que para isso é preciso que esses negócios consigam crescer de forma sustentável.

Nesse sentido, entra em cena um outro conceito, que há pouco tempo era quase desconhecido, mas que ganha espaço quando o assunto é empreendedorismo: as scale-ups.

Classificadas pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico como empresas que sustentam um alto ritmo de crescimento por um longo período de tempo, as scale-ups apresentam, fundamentalmente, um modelo de negócios baseado na escalabilidade.  

Para que um negócio se torne escalável, é preciso que ele seja ensinável, valioso e replicável. Ser ensinável diz respeito ao fato de que qualquer funcionário deve conseguir aprender sobre o processo de produção da empresa, o que a torna expansível.

Ser valioso está diretamente ligado ao valor gerado por meio da especialização em uma atividade específica que seja diferente dos principais concorrentes. Por fim, é preciso ser replicável, ou seja, quando o negócio é reproduzido consegue gerar receita de forma recorrente.

Para ser considerada uma scale-up,  a empresa precisa ter mais de dez funcionários e crescimento médio de 20% ao ano, o que rende ela o título de Empresa de Alto Crescimento (EAC).

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil conta com cerca de 35 mil scale-ups, o que representa menos de 1% do total de empresas em funcionamento país.

Apesar de pouca expressão em relação ao número de negócios brasileiros, elas foram responsáveis por quase 60% (3,3 milhões) dos novos empregos gerados em território nacional nos últimos anos.

Saiba como é a realidade desses negócios no Brasil e o impacto positivo que geram em relação a produtividade e o desenvolvimento econômico de um país.

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A realidade das scale-ups no Reino Unido

No final de 2014, a empreendedora e investidora anjo Sherry Coutu entregou ao governo do Reino Unido um relatório em que ressalta a importância das scale-ups para o crescimento da economia britânica. O Scaleup Report on UK Economic Growth foi criado com o intuito de explicar melhor como funciona esse modelo e quais medidas poderiam ser tomadas a fim de estimular o desenvolvimento das empresas.

De acordo com o Scaleup Report, o simples aumento de 1% no número de scale-ups no Reino Unido poderia gerar até 238 mil vagas de trabalho em um período de três anos.

Além disso, o crescimento dos negócios e a geração de mais empregos são capazes de fazer com que os ganhos cheguem à casa de 96 milhões de euros ao ano. Mas para que isso, de fato, pudesse ser observado na prática, alguns obstáculos precisariam começar a ser superados.

Segundo os dados levantados, cinco problemas aparecem como os principais impedimentos do crescimento das scale-ups britânicas: encontrar funcionários com habilidades desejadas, desenvolvimento de capacidades de liderança, contato em outros mercados, acesso a financiamentos sob medida  e infraestrutura de navegação.

Para que essas barreiras possam ser superadas, algumas considerações são feitas por Sherry Coutu, no relatório. Primeiramente, todos os stakeholders que estão relacionados às empresas precisam ser conscientizados do papel e da importância que cada um possui para o crescimento das scale-ups.

Assim, governo, corporações, universidades e meios de comunicação teriam participação efetiva dentro do cenário de ações, baseadas no contexto socioeconômico britânico, que foram previstas para o desenvolvimento desse modelo. Entre principais medidas sugeridas no Scaleup Report estão:

  • Criação de uma infraestrutura de informação que permita o rastreamento, mensuração e avaliação do progresso das scale-ups;
  • Promoção de encontros entre os líderes municipais e os empreendedores das maiores scale-ups da região para discutir iniciativas que visam contribuir para o crescimento do ecossistema das empresas;
  • Tornar disponível infraestruturas físicas que sejam capazes de abrigar negócios de crescimento rápido;
  • Planejamento e execução de programas educacionais voltados para os líderes das scale-ups;
  • Facilitar a participação dessas empresas em feiras, eventos, e reuniões em que as grandes organizações estão presentes.

Enquanto isso, no Brasil, a realidade não é muito diferente daquela encontrada no Reino Unido. Conheça a seguir um estudo baseado em dados de empresas brasileiras que consegue nos dar uma amostra de como estão os negócios de crescimento rápido no país.

As scale-ups no Brasil

Em 2015, a Endeavor Brasil, organização global sem fins lucrativos de fomento ao empreendedorismo de alto impacto, juntamente com a Neoway, empresa especialista em Big Data com foco na área de Inteligência de Mercado, realizaram um estudo inédito que aborda a realidade das scale-ups no país.

O Scale-ups no Brasil foi produzido a partir do cruzamento de milhões de dados relacionados a empresas desse modelo, como RAIS e CAGED, do Ministério do Trabalho e Emprego, PNAD, disponibilizado pelo IBGE, dados da Receita Federal, entre outros.

Conheça os principais resultados e características das empresas que mais crescem no Brasil e que podem ser observados nesse estudo:

  1. Scale-ups são diferentes de startups

O levantamento descobriu que a média de idade de uma scale-up é de 14 anos e que mais de 90% das empresas com crescimento acelerado possuem mais de 5 anos de vida. Ou seja, a maioria das scale-ups brasileiras já estão no mercado há algum tempo e já passaram pelo período em que foram consideradas startups. Isso quer dizer que é preciso acreditar e ter persistência no trabalho que é desempenhado para que o negócio chegue ao patamar de crescimento acelerado.

  1. Idade é um mito

Muitas pessoas acreditam que, para criar uma empresa de sucesso, é preciso começar cedo e que os jovens têm mais chances de fazer com que um negócio prospere. Porém, isso é um mito. De acordo com o estudo, os jovens com até 28 anos representam apenas 5,5% das pessoas que estão à frente de uma scale-up e a média de um empreendedor que comanda uma empresa de alto crescimento está na faixa dos 47 anos. Portanto, idade é apenas um tabu para quem deseja alcançar o sucesso comandando um negócio próprio.

  1. Homens ainda são maioria

De cada dez empreendedores no Brasil, seis são homens. Quando olhamos para a realidade das scale-ups essa proporção é ainda maior: quase 70% dos líderes de empresas de alto crescimento são do sexo masculino. Isso mostra que as mulheres ainda possuem muito espaço para crescer nesse mercado, uma vez que capacidade é algo inquestionável quando se leva em consideração a infinidade de exemplos de sucesso de empreendedorismo feminino.  

  1. Uma scale-up pode estar em qualquer setor da economia

Em números absolutos, apenas 1% das scale-ups brasileiras estão concentradas na área da indústria digital. Varejo, com 20%, construção civil, com 13% e bens de consumo, com 9%, são os setores da economia que mais reúnem negócios de alto crescimento. Por outro lado, quando se leva em consideração a densidade de scale-ups por setor, a realidade é outra. A construção civil ocupa o primeiro lugar, com 22%, serviços administrativos aparece logo em seguida, com 19% e a indústria digital vem em terceiro lugar, com 17%.

Muitos especialistas acreditam que as scale-ups são a chave para fazer com que as dificuldades econômicas e sociais que o país enfrenta atualmentesejam superadas. E você, o que pensa a respeito das empresas de alto crescimento? Tem um negócio que se encaixa nesse modelo? Compartilhe conosco sua opinião nos comentários!

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