Conseguindo realizar o sonho de todo usuário contemporâneo, que é o de estar sempre conectado aos assuntos de seu interesse, os aplicativos nativos para dispositivos móveis surgiram como uma das apostas mais fortes para facilitar as atividades que fazem parte da rotina das pessoas. Por atender as necessidades de velocidade e eficácia, esperadas nesse tipo de experiência móvel, os apps se configuram como um dos melhores caminhos para estabelecer uma comunicação mais próxima entre empresas e clientes.
Porém, existem alguns problemas que podem atrapalhar uma estratégia de desenvolvimento de aplicações nativas para smartphones. O primeiro deles está relacionado às características dos sistemas operacionais: como existem critérios próprios que os apps precisam seguir para serem inseridos nas lojas de Android, iOS e Windows Phone, é preciso que os apps se adequem às exigências de todos os sistemas para que sejam aplicados nessas lojas e cheguem ao alcance dos usuários.
Outra adversidade diz respeito ao que muitos especialistas da área reconhecem como o fim da “era dos aplicativos”. De acordo com uma pesquisa realizada pela Sensor Tower, o número de downloads de apps nos Estados Unidos vem diminuindo cerca de 20% a cada ano, sendo Snapchat, Uber e Airbnb as únicas exceções deste cenário. Além disso, outros estudos apontam que 60% de todos os aplicativos existentes no mercado até o último ano nunca foram baixados e mais de 65% dos usuários de smartphones não fazem nenhum download dessa natureza por mês.
Além das dificuldades relacionadas ao desenvolvimento de apps nativos para dispositivos móveis, outro problema que faz com que a experiência mobile não seja completamente satisfatória é a navegação em websites através dos smartphones. Lentos, pesados e muitas vezes sem responsividade, esses sites acabam travando os navegadores antes mesmo que o usuário consiga terminar de acessar o que deseja. Portanto, quando comparadas a agilidade e eficiência dos aplicativos nativos, uma grande desvantagem pesa para o lado dos websites mobile.
Mas então qual seria a melhor solução para tentar equilibrar esse impasse entre performance, usabilidade e o trabalho envolvido para o desenvolvimento de apps? Trata-se de uma iniciativa recente, porém muito bem-sucedida: os Progressive Web Apps (PWA). Conheça um pouco mais sobre essa tendência a seguir.
O que são Progressive Web Apps?
De acordo com a comunidade de desenvolvedores do Google, os Progressive Web Apps (PWA) são o resultado de experiências que conseguem combinar o melhor da web com o melhor dos aplicativos. Para isso, um conjunto de técnicas são usadas para que o desenvolvimento das aplicações web recebam, de forma progressiva, funcionalidades que antes só estavam disponíveis em apps nativos.
O conceito por trás dessa tendência prevê que o usuário consiga desenvolver uma relação com esse web app e que ao longo do tempo ele se torne cada vez mais eficaz. No início da experiência, o PWA se configura apenas como uma aplicação na aba do navegador, com funções que lhe são próprias, mas que vai se tornando “progressivamente mais app” à medida que as pessoas se engajam e interagem com o mesmo. Ou seja, conforme o usuário usa o aplicativo, funcionalidades exclusivas de apps nativos, como geolocalização, notificações push, uso offline, entre outras, passam a estar disponíveis nesses PWAs. E tudo isso com direito até a um ícone na página inicial ou na tela principal do celular.
Entre as principais características que um Progressive Web App precisa ter estão:
- Progressivo: é necessário que um PWA funcione para qualquer usuário, independentemente do navegador escolhido.
- Responsivo: reconhecido como um dos elementos chave dos Progressive Web Apps, a responsividade é essencial para que a experiência do usuário seja a melhor possível. Para isso, é preciso que se adeque aos mais diferentes tipos de formatos (desktop, celular e tablet).
- Independente de conectividade: é preciso que o app seja aprimorado com service workers para que funcione normalmente em redes de internet de baixa qualidade e até mesmo offline.
- Semelhante a aplicativos: para que consiga conquistar a atenção e a simpatia do usuário, é imprescindível que o PWA se pareça, de fato, com um app nativo. Para isso, interações e navegações características desse tipo de software precisam estar presentes na aplicação.
- Seguro: a fim de manter a segurança das informações e não permitir que o conteúdo seja adulterado, o web app precisa ser fornecido via HTTPS.
- Envolvente: todo Progressive Web App precisa ser envolvente e conquistar a atenção do usuário. Portanto, contar com elementos baseados em conceitos de UX Design e Design Estratégico, por exemplo, pode ser uma ação interessante para o desenvolvimento de uma aplicação, uma vez que essas estratégias possuem como premissa a experiência e a satisfação de quem usa o app. Além disso, contar com um sistema de envio de notificações push também é de suma importância para o engajamento e reengajamento dos usuários com a aplicação.
- Instalável: o ponto alto do PWA é o fato de poder ser “guardado” na tela inicial do celular, sem a necessidade de ser acessado e baixado em uma loja de aplicativos.
Apesar de ser uma tendência que começou a ser desenvolvida a pouco, investir em Progressive Web Apps já é realidade para muitos negócios ao redor do mundo. E alguns deles já se tornaram cases reconhecidos de sucesso de PWA. O mais conhecido de todos talvez seja o Flipkart, maior empresa de comércio eletrônico da Índia.
Fundado há dez anos, o ecommerce decidiu combinar sua presença na internet e seu aplicativo nativo com uma estratégia baseada em Progressive Web App. Por considerar cada vez mais difícil oferecer aos usuários a mesma experiência rápida e envolvente do aplicativo para dispositivo móvel, em 2015 a empresa decidiu introduzir recursos que tornaram o website tradicional, voltado apenas para desktops, um PWA.
Essa nova versão, batizada como Flipkart Lite, resultou em números expressivos para a empresa: foi registrado um aumento de 70% nas conversões de vendas, o tempo de permanência dos usuários no site aumentou em três vezes e o engajamento foi 40% maior com o uso do web app.
Quem também resolveu apostar em PWA foi o Twitter. Recentemente, a empresa anunciou o lançamento do Twitter Lite, uma plataforma com experiência web destinada a minimizar o uso de dados, utilizar espaços menores de armazenamento nos smartphones e proporcionar rápida navegação mesmo em conexões mais lentas. Além disso, o ícone para a tela inicial dos dispositivos e as notificações push também fazem parte dos recursos disponíveis nessa versão da rede social.
Por ser uma estratégia ideal para orçamentos menores e não apresentar um nível tão alto de complexidade de desenvolvimento quanto o dos aplicativos nativos, os Progressive Web Apps têm se mostrado como uma tendência que chegou para ficar. Portanto, vale a pena ficar de olho e acompanhar os próximos passos dessa nova forma de interação digital.