Neste artigo, apresenta-se um questionamento instigante a respeito da Tecnologia da Informação no futuro: como seria um setor de TI no ano de 2030? Embora a sociedade ainda precise caminhar por longos 13 anos, período em que inúmeras inovações integrarão o escopo de soluções nos campos da tecnologia e da informação, Jenny Beresford, diretora de pesquisa do Grupo Gartner, resolveu simular essa situação, a qual será transcrita neste texto.
Beresford integra o time de consultoria em Tecnologia da Informação de um dos grupos mais célebres desse segmento, sendo considerada uma notável especialista em: transformação digital, rupturas no mercado de TI, mudanças complexas em tecnologia, ecossistemas digitais, além de inovação de produtos. A consultora descreveu uma situação hipotética de uma empresa digital chamada Poppy, sediada em Xangai, na China, no ano de 2030.
Conforme apresentou a diretora de pesquisa do Gartner, a Poppy cresceria de forma exponencial, de hoje até 2030, e surgiria como uma startup disruptiva com ideias próprias, fundada em capital de risco durante 2017. A empresa seria semelhante ao grupo também chinês Alibaba, mas inicialmente focada em serviços educacionais.
Atualmente, no ano de 2030, a Poppy já captou uma grande fatia do mercado mundial de jovens sedentos por ambientes de aprendizagem inteligentes capazes de acelerar processos de educação, qualificação e conhecimento. Neste ano, a organização está classificada entre as três maiores no seu mercado, tendo atingido esse patamar utilizando máquinas inteligentes e algoritmos para interpretar dinamicamente milhões de pontos de dados interligados através de uma infinidade de dispositivos e fontes na Internet das Coisas da empresa.
A Poppy sabe exatamente cada uma das preferências de aprendizagem dos seus clientes, variáveis ambientais e emocionais e o melhor ritmo de absorção de conhecimento. Neste momento, a companhia está preparada para dominar o mercado de serviços de formação personalizados e expandir-se rapidamente para mercados horizontais e verticais relacionados à área, por meio de aquisições planejadas para 2030.
A empresa já atingiu um grande patamar e continua em ascensão, tendo que ser, cada vez mais, capaz de se flexibilizar e estender as suas atividades, de modo igualmente rápido à expansão do mercado e das inovações atuais. Por isso, nesse contexto, é importante dizer que o papel do CIO evoluiu com a empresa, sendo o setor de TI o mais importante da organização neste ano de 2030.
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A área de TI da Poppy está organizada em uma estrutura altamente flexível de núcleos ou subunidades de equipes que se alternam entre projetos e tarefas atribuídas de acordo com o fluxo de ideias; cenário em que as prioridades se reequilibram.
O departamento de TI é extremamente dinâmico e muda à medida que as equipes se formam e reformam, incluindo as pessoas de outras partes da empresa, promovendo a diversidade de pensamento e experiência. Em nada se compara às hierarquias de agrupamentos funcionais ou centradas em produtos, usadas em 2017. Nesse cenário, o CIO da companhia lidera uma equipe de líderes de núcleos, cada um formando um conjunto autônomo de até 30 pessoas.
Os colaboradores participam dessas equipes ou núcleos, e também podem juntar-se a grupos de especialistas para ampliar o seu repositório de conhecimentos. Fornecedores externos, parceiros e especialistas individuais também estão envolvidos em tarefas ou projetos específicos, juntando-se a equipes ou núcleos por períodos limitados, algo semelhante à formação de equipes ágeis e flexíveis utilizadas em 2017.
O departamento de TI também é um centro de inovação e capacitação para produtos e serviços externos e internos. Configuração diferente da que, comumente, era exercida em 2017, época em que o setor de TI era responsável apenas pelas funções de tecnologia, especialmente interna. O CIO está, constantemente, preocupado com um equilíbrio apropriado entre inventar, experimentar, otimizar e ajustar.
Para inovar nos produtos, o CIO busca o envolvimento de pessoas oriundas de diferentes campos, das artes até as ciências. Os líderes de TI em 2030 precisam de vários especialistas:
Quem assume o cargo de CIO, neste contexto de 2030, deve ser um executivo de ação global, experiente e capaz de atrair, inspirar e capacitar uma força de trabalho plural de pensadores independentes e multitalentosos.
O núcleo de sua organização de TI é uma equipe de alto desempenho com líderes talentosos. Cada líder tem uma especialização aprofundada e demonstra seguidamente a sua capacidade de aprender e aplicar conhecimento. Mas cada um foi contratado para a equipe fundamentalmente devido aos seus valores, curiosidade intelectual, otimismo e adaptabilidade como diferenciais em uma equipe multifuncional. Esses líderes mantêm o seu equilíbrio pessoal, enquanto abraçam e fluem com a velocidade, incerteza e ambiguidade do ambiente empresarial de 2030.
O cenário que foi simulado por Jenny Beresford, segundo a consultora, representa apenas um retrato em potencial, impulsionado por tendências de tecnologia e de gestão. Porém esta evolução pode ser delineada de maneiras distintas:
Segundo os apontamentos realizados por Beresford, o momento atual é ideal para pensar no modo como os profissionais da geração millenial se tornarão os CIO de 2030. Esses especialistas devem adotar as práticas Agile de liderança-servo e de liderar por trás, a fim de possibilitar maior autonomia, criatividade e autogestão na força de trabalho de TI das organizações.
Devem, ainda, desenvolver cenários alternativos para a organização de TI capazes de ampliar os princípios das equipes ágeis. Além de incentivar a sua força de trabalho a experimentar diferentes formas de organização, observando, refletindo, aprendendo e adaptando, de forma constante.
O CIO também deve ser capaz de ajudar os líderes emergentes do núcleo de TI a serem criativos na maneira como monitoram, entendem e apoiam os seus recursos humanos, como indivíduos, com extrema flexibilidade na formação e reforma de núcleos ou equipes. Para isso, será necessário demonstrar apoio à colaboração entre domínios e à exploração tolerante ao risco para acelerar rapidamente os ciclos de formação de ideias [ou ideação] para entregar valor à organização.
Por fim, a sugestão da consultora do Gartner é que esses líderes em TI comecem desde já a buscar oportunidades de desafiar as pessoas, tirá-las das suas zonas de conforto, para que trabalharem em equipes nas quais nunca tenham pensado em fazê-lo, além de explorar os seus limites como uma nova experiência e um estímulo à inovação.
Agora que você já conhece uma possível face dos departamentos de TI em 2030, sob a visão de uma das maiores especialistas mundiais no assunto, pretende aplicar as suas sugestões? Já está atento às mudanças? Compartilhe a sua visão sobre esse tema na seção de comentários.
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