Por muitos anos, as grandes corporações buscaram colaboradores que possuíam um consistente currículo, forte tanto nos aspectos acadêmicos quanto nos técnicos. De fato, a habilidade intelectual e o alto grau de especialização foram e ainda são características profissionais muito desejadas no mundo corporativo.
Ainda que essas habilidades sejam objeto de desejo dos recrutadores, a velha ideia de que o profissional deve ser extremamente racional, sem deixar transparecer suas emoções, sem se abalar por pressões externas e internas, não se sustenta mais. Se hoje em dia o material humano é avaliado como o grande tesouro de qualquer empresa, esse ser humano deve ser considerado em toda a sua complexidade.
Nesse sentido, esperar um profissional que, além de possuir conhecimento científico e técnico, possua também uma estável e inabalável racionalidade – quase que mecânica –, é ter uma expectativa fora da realidade. A verdade é que os colaboradores de qualquer empresa não podem ser vistos como uma máquina de calcular custos e benefícios. Esses profissionais convivem com diversas variáveis que afetam as suas emoções e é desejável que esses sentimentos surjam e sejam lapidados, a fim de somar à produtividade da empresa.
Em outras palavras, as emoções sempre serão intrínsecas a qualquer ser humano, até mesmo quando ele estiver cumprindo a sua função profissional. Na verdade, esses sentimentos se sobressaem ainda mais no ambiente de trabalho, já que é nesse contexto que o colaborador lida com as maiores pressões de seu dia a dia.
Diante desse cenário, portanto, o que as grandes empresas buscam antes de contratar algum funcionário é a sua habilidade de transformar sentimentos negativos em positivos. É natural que no contexto de constante ebulição do mundo corporativo as emoções venham à tona constantemente, mas possuir um elevado coeficiente de inteligência emocional pode ser um grande diferencial para qualquer profissional.
Afinal, o que é inteligência emocional?
O termo inteligência emocional, apesar de já ter sido utilizado anteriormente, difundiu-se em publicações científicas somente a partir de um artigo publicado em 1990 pelos pesquisadores Peter Salovey e John D. Mayer. Mas para o público em geral, o conceito só ganhou notoriedade em 1996, após a divulgação do livro Inteligência Emocional, de autoria do psicólogo americano Daniel Goleman. Mas apenas no final dos anos de 1990 e início dos anos 2000 que o conceito foi reformulado, também por Salovey e Mayer, que postularam os quatro fundamentos da inteligência emocional, sendo:
- Perceber emoções: habilidade que se fundamenta na precisão com que uma pessoa identifica diferentes emoções a partir de vários indícios: fala, expressões faciais, gestos etc.
- Raciocinar por meio das emoções: capacidade de gerir as emoções a partir do pensamento racional; quando os sentimentos são canalizados para ações e mudanças necessárias.
- Entender e analisar emoções: considerando que a identificação de emoções deve ser o primeiro passo, entender como elas funcionam está em um nível acima. Engloba-se nesse fundamento, por exemplo, a capacidade de compreender que existe uma ligação entre perda e tristeza, raiva e injustiça, medo e ameaça, e assim por diante.
- Gerenciar emoções: o último nível refere-se à habilidade de pensar sobre aquilo que se sente e saber a forma mais adequada de agir. Por exemplo, sentir raiva sem realizar nenhuma ação intempestiva é uma forma bem-vinda de gerência de emoções.
Sintaticamente, portanto, o conceito de inteligência emocional, conforme difundido atualmente no meio corporativo, diz respeito à habilidade de sentir, entender e aplicar, de maneira eficaz, o poder e a percepção gerados pelas emoções, a fim de melhorar os níveis de colaboração e produtividade dentro da empresa.
Mas quais ações práticas podem ser realizadas para se desenvolver um maior coeficiente de inteligência emocional? Apresenta-se a seguir 7 sugestões para se trabalhar essa habilidade no meio corporativo.
1 – Autoanálise de comportamento
A primeira sugestão, provavelmente uma das essenciais, é a autoconsciência emocional. Todo profissional deve buscar sempre estar atento às próprias reações diante de situações diversas no seu ambiente de trabalho. Analisar as suas atitudes de forma madura, objetivando compreender como elas impactaram em seu dia na empresa e nas suas relações interpessoais, deve ser um exercício praticado constantemente por cada colaborador.
2 – Domínio das emoções
Também é fundamental para o desenvolvimento da inteligência emocional que todo profissional tenha a capacidade de controlar os seus sentimentos e não agir por impulso antes de tomar uma decisão ou reagir a alguma situação. Mesmo que a pressão seja latente e algum fato lhe desagradou, o colaborador deve evitar ações imediatistas. Para isso, trabalhar o seu limite por meio de exercícios de meditação e respiração, a fim de recobrar a calma e a razão, pode ser uma solução.
3 – Compreensão frente às emoções negativas
Ainda no mesmo viés da sugestão anterior, o profissional deve saber lidar com as emoções negativas. Um feedback ruim de seu superior pode ser algo que o colaborador precisará encarar. Nesse momento, as más emoções (raiva, medo, insegurança, frustração etc.) precisam ser dominadas para que não se tornem maiores do que a capacidade do funcionário.
4 – Desenvolvimento da autoconfiança
Uma forma eficaz para se aumentar o coeficiente de inteligência emocional é o trabalho com a autoestima. O profissional que confia em seu potencial, tem ciência de suas habilidades, acredita que pode superar dificuldades e obstáculos, possui em suas mãos o talento de sempre se reinventar em momentos de crise, ao invés de se fragilizar, caracterizando-se como um funcionário altamente desejado pelas corporações.
5 – Trabalho sob pressão
No mundo corporativo, trabalhar sob pressão é uma constante. Os desafios parecem complexos e os prazos são curtos. Buscar o desenvolvimento da capacidade de lidar com as pressões externas e internas, típicas do mercado, renderá ao colaborador um importante aumento em sua inteligência emocional, garantindo fluidez e produtividade a suas funções, mesmo em momentos adversos.
6 – Transparência ao que se sente
As emoções são intrínsecas a todo ser humano. Nesse sentido, não deixar a emoção dominar não quer dizer que ela deve ser escondida. As emoções surgirão naturalmente e devem ser expostas de forma madura e racional. O profissional que não dialoga com os seus colegas e com os seus superiores a respeito daquilo que está lhe causando um sentimento negativo pode se desgastar profundamente. É necessário que os sentimentos sejam apresentados num contexto adequado para que aquela emoção negativa se transforme em combustível para soluções e mudanças positivas dentro da empresa.
7 – Empatia pelo próximo
A última sugestão diz respeito à capacidade de se colocar no lugar do outro. Buscar desenvolver essa habilidade é primordial para o dia a dia de trabalho dentro de uma grande empresa. As relações interpessoais, por mais que tenham desentendimentos, devem ser sempre pautadas no sentimento de empatia. Buscar compreender as emoções do colega evitará problemas que podem ser tóxicos para a empresa.
Você já sabia que a inteligência emocional é alvo de estudos de muitos pesquisadores e fator fundamental para a boa produtividade de qualquer companhia? Em sua empresa, os colaboradores buscam desenvolver habilidades de inteligência emocional? Apresente-nos a sua experiência nos comentários.
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